terça-feira, 1 de dezembro de 2015

[Resenha]: A Culpa é das Estrelas - John Green

Título: A Culpa é das Estrelas 
Autor (a): John Green 
Editora: Intriseca 
Onde Comprar: Saraiva Submarino Cultura
Amazon 


Sinopse

Hazel é uma paciente terminal. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.

Resenha pela Carol Pain

Hoje trazemos uma resenha muito particular e nada imparcial, mas que acredito, muitos se identificarão.

Depois de vários meses adiando, me rendi e resolvi ler A Culpa é das Estrelas. Não foi uma escolha ao acaso, foi uma escolha consciente, induzida e praticamente contra minha própria vontade.

Muito se fala sobre esse livro e a história (ou nesse caso seria História?). Tanto se fala, que quando comecei a ler, já sabia o que iria acontecer durante o livro, mas nada e nem ninguém me preparou para a complexidade descrita e escrita ali.

Enquanto algumas amigas começaram a chorar na página 180, outras até mesmo antes, todas queixando-se da quantidade de lágrimas derramadas, eu só comecei a me emocionar a partir da página 210, quase no fim do livro. Mesmo assim, as lágrimas não vieram.

Será que sou insensível? Como posso derramar lágrimas verdadeiras ao assistir ao trailer do filme e não escorrer uma só gota ao ler o livro no qual ele foi baseado?

Mas pensando bem, acho que não sou insensível. Eu me sensibilizei com todo o sofrimento dos personagens (principais e secundários), me sensibilizei em pensar que aquela história, pode ser uma História real, mas principalmente, me sensibilizei com todas as formas de amor mostradas ali. Amor entre pais e filhos, amor entre amigos, amor entre namorados, amor à liberdade, amor aos livros e principalmente, amor à vida. Sim, amor à vida! Porque mesmo estando condenados a uma doença que não tem cura, eles eram felizes em suas vidas condenadas. Cada um à sua maneira.

Posso não ter derramado uma lágrima sequer, mas dei gargalhadas como a muito tempo ao ler um livro. Humor mórbido, mas mesmo assim, não deixa de ser humor.

Fiquei triste por estar lendo um ebook, ao invés de um livro físico. Eu que sou terminantemente contra riscar e marcar livros, senti uma vontade louca de marcar alguns trechos. Marcar vários trechos.

"Você está tão ocupada sendo você mesma que não faz ideia de quão absolutamente sem igual você é."

"Enquanto ele lia, me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra."

"— Não quero nunca fazer uma coisa dessas com você — falei para ele.

— Ah, eu não ia me importar, Hazel Grace. Seria uma honra ter o coração partido por você."

"...alguns infinitos são maiores que outros."

"...Quando os lábios semiabertos dele encontraram os meus, comecei a sentir uma falta de ar totalmente inédita e fascinante. O espaço à nossa volta evaporou, e por um estranho momento me senti bem no meu corpo; essa coisa estragada pelo câncer que eu tinha passado vários anos arrastando de um lado para outro parecia, de repente, valer a pena..."


São tantos trechos que eu teria que por, praticamente o livro todo.

Tirando as partes engraçadas e os trechos encantadores, esse livro em fez refletir sobre como lidamos com a morte, a nossa e das pessoas a nossa volta e como damos pouca atenção a coisas tão importantes da nossa vida. Deixamos nossos sonhos sempre para depois, mas e se não existir um depois?

Foi muito triste ler a história de uma garota de 16 anos sem perspectiva de vida, foi triste ver que uma doença como o câncer não atinge apenas ao doente, e sim a família inteira, foi triste ver que é no sofrimento que a prendemos dar valor as pequenas coisas e as pessoas que realmente importam, mas a tristeza mais profunda que senti foi ao me colocar no papel das mães de Hazel, Gus e do Isaac. Saber que seu filho tem uma doença que pode matá-lo e não ser capaz de fazer nada para curá-lo ao para trocar de lugar com ele, deve ser terrível.

Em meio aos meus pensamentos sobre a complexidade do livro, me dei conta que falar sobre morte é um tabu. Um tabu idiota, uma vez que todos somos como pacientes em estado terminal. A cada dia que passa morremos um pouco. Nossa vida é nascer, crescer, envelhecer e morrer, então porque não falar sobre o que nos espera logo ali na frente. Gus, através de sua falsa modéstia e de seu carisma, me fez ver que é tudo uma questão de ver as coisas por outro angulo. Não falar sobre a morte, para não atraí-la é besteira. A morte vem quando tem que vir. Até porque, alguns infinitos são maiores que outros, não é mesmo?

Dentre as partes que mais me fizeram refletir, está a frase do Gus sobre o medo dele: "Eu tenho medo de ser esquecido". Eu cheguei à conclusão que eu não tenho medo de ser esquecida e sim de não ser lembrada. Porque ser esquecida, significa que alguém lembrava de você e essa memória se apagou, mas não ser lembrada é não ter a oportunidade de estar na memória de alguém. Isso sim me aterroriza.

Resumindo, esse livro não fez chorar, mas me fez rir como a muito tempo eu não ria com um livro. Esse livro não me marcou para uma vida inteira, mas vai me fazer refletir sobre muita coisa e por um bom tempo e esse livro me fez perceber que no final das contas a culpa nem é das estrelas e sim do John Green que é um excelente escritor. Aposto como ele recebeu milhares de cartas, email, fax, telegrafo, etc, pedindo para saber o que aconteceu depois do fim do livro. E isso é tudo culpa dele mesmo.

***

Trecho que mais me fez rir e ficar triste logo em seguida: (CONTEM SPOILLER)

"A parte mais divertida do jogo era, de longe, tentar fazer o computador estabelecer um diálogo engraçado com a gente:

Eu: 'Encoste na parede da caverna.’

Computador: 'Você encosta na parede da caverna. Ela está úmida.’

Isaac: 'Lamba a parede da caverna.’

Computador: 'Não compreendo. Fale de novo?’

Eu: 'Dê um amasso na parede úmida da caverna.’

Computador: 'Você tenta dar um passo. Você bate com a cabeça.’

Isaac: 'Não é dê um passo. É DÊ UM AMASSO.’

Computador: 'Não compreendo.’

Isaac: 'Cara, eu tenho estado sozinho nesta caverna escura há várias semanas e preciso me aliviar. DÊ UM AMASSO NA PAREDE DA CAVERNA.’

Computador: 'Sua tentativa de dar um pass…’

Eu: 'Pressione a pélvis contra a parede da caverna.’

Computador: 'Não com…’

Isaac: 'Faça amor com a caverna.’

Computador: 'Não com…’

Eu: 'TÁ BEM. Siga pelo ramo esquerdo.’

Computador: ‘Você segue pelo ramo esquerdo. A passagem se estreita.’

Eu: 'Engatinhe.’

Computador: 'Você engatinha noventa metros. A passagem se estreita.’

Eu: 'Rasteje como uma cobra.’

Computador: 'Você rasteja como uma cobra por trinta metros. Um fio de água percorre seu corpo. Você alcança um monte de pedrinhas que bloqueiam o caminho.’

Eu: 'Posso dar um amasso na caverna agora?’

Computador: 'Você não pode dar um passo sem ficar de pé primeiro.’

Isaac: 'Eu não gosto de viver num mundo sem o Augustus Waters.’

Computador: 'Não compreendo…’

Isaac: 'Eu também não. Pausa.’


***
Espero que tenham gostado. 


 

Meninas segue link da Carol no Face:

https://www.facebook.com/CarolPaimm?fref=ts


Beijos QML

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